domingo, 6 de novembro de 2011

contagem dos dias

enquanto você não vem

meu coração parece o trem do metrô:

anda de um lado pra outro, 

carregando muita gente, 

sem chegar a lugar nenhum.


(e a pavuna nunca me pareceu tão distante)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Três perfumes

Perfume nº 1

OsBar. Sexta-feira. Minutos antes da chegada dos novos amigos, recém-enlaçados da parte da outra, a guria abre a bolsa, tira um frasquinho e aplica um pouco no pescoço, nos punhos e antebraços. Acha que precisa explicar.

- Não é premeditado, sério, lógico que eu não trouxe isso especificamente pra me perfumar pra galera - porque eu ainda tenho alguma noção do que vem a ser frescura demais da conta, né? Óbvio. É que eu sempre ando com o frasquinho na bolsa, em caso de viagem. É sério.

- Ahahah! Mas ninguém duvida, louca!



Perfume nº 2

Casa. Sábado. As três se aprumam no salto para o ensaio da escola de samba. Début de duas delas. Maquiagem pronta, cabelo pronto, tudo pronto. Só falta a última das últimas coisas.

- Perfume lá! - aprendi com uma amiga, naquela viagem à Buenos Aires.
- Um clássico!
- Vocês juram?
- Mas não é "lááá", guria.
- Não. É nos entornos...



Perfume nº 3

Copa. Domingo. "Pessoal, nessa noite, aqui, eu vou fazer um pedido a todos vocês, um pedido que eu não faço há muitos anos, muitos anos mesmo. O Bip Bip é um bar simples, não precisa de altas produções para vir no Bip Bip. Então eu gostaria de pedir encarecidamente: não passem perfume antes de vir aqui, por favor. Coisa horrorosa. Nós somos, aqui, trinta, trinta e cinco pessoas, se cada um passar perfume antes de vir pro Bip Bip... eu tô fudido (mostra o remédio do nariz, os lencinhos de papel). Começou com a Lilian, aquela lá (aponta), e agora mesmo passou uma outra por aqui que, puta que pariu, não tô aguentando. Era isso. Podem continuar (o samba)".


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Esse som não é samba, mas também tem a nossa manha:

Bob Dorough - Three Is The Magic Number


(por ele, na hora H, valeu, Brincher) \o/

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Os elos

Trata-se de uma corrente de elos abertos.

- Por que os elos são abertos? - perguntaria, bem desse jeito (com e sem dúvida), caso ainda me honrasse com o sentimento de outrora.

A resposta não se distanciaria muito da que lhe ofereci por ocasião de um diálogo sobre tatuagens (a diferença é que, no lugar dos elos, tínhamos um coração).

- Abertos porque não se completam, querida.

E é certo que a réplica me viria entre duas risadas bem frouxas, desgarradas da dona - como sempre foram, durante todo aquele tempo. A cabeça jogada para trás. E eu daqui, tirando a foto mental, por trás do mojito.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A mulher amada

A cada metro de estrada vencido, caminhando a passos largos, maior é a certeza de que irá voltar. E, no dia da volta, ela estará à sua espera, no rosto aqueles olhos que são, ao mesmo tempo, candura e perdão. Sorrirá o mais branco dos sorrisos, pleno de calor e repreensão maternal, e o tomará nos braços como tomaria a uma criança que, assustada e temerosa de um carão, horas antes se perdera pelas ruas da cidade. Em seu colo, ele se aninhará e não quererá partir nunca mais. Molhará as vestes da mulher amada com lágrimas sentidas, que são todo o amor que guardou consigo enquanto dormia em camas alheias. Ela beijará seus olhos e passará os dedos por seus cabelos, e com a voz quente dirá que será sempre sua, como já era no primeiro dia, como jamais poderia deixar de ser. Sentindo o corpo estremecer, ele será tomado pela indizível sensação de estar de volta ao lar, e seu lar é aquela mulher cujo corpo é a mais sólida das construções: pés que se plantam na terra como vigas de aço, braços delgados e firmes de árvore antiga, o farto ventre que recende a tudo que é seu.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

eita, vontade

vontade de comer feijão.
vontade de entrar no primeiro vôo para o Rio de Janeiro,
vontade de sair correndo, nua, na chuva.
vontade de beijar na boca todo ser que me diz uma palavra inteligente.
vontade de beijar o melhor amigo.
vontade de socar a amiga que ligou praquele imbecil de novo.
vontade de abraçar o mundo.
vontade de dar praquele cara, marido da fulaninha.
vontade de perder tudo, nos braços de um outro alguém.
vontade de ser dele, e dele, e deles. e de ninguém.
vontades, vontades. o mundo é feito de tantas vontades, e de outras tantas desvontades.

vontade de, agora, usar aquele vestido branco, na beira da praia e caminhar ao teu lado, sob a lua cheia que faz com que, entre a gente, a coisa seja diferente.

são todas vontades. são tantas... e vontade é aquilo que dá na gente, mas passa.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

As regras

Antes: você era menos, porque elas não estavam.
Durante: você é igual, elas também.
Depois: você será mais, só porque elas querem.

E o pior é que elas podem. Nada, nesta vida-de-meu-Deus, é mais poderoso do que Querer de Amiga. Talvez só Querer de Mãe, verdade. Mas eu não tenho mais mãe presente. Só filhas. Duas. Meninas e lindas. E por mais que possa ser um tipo de eu-mesma, o tempo todo, para com as minhas filhas (sem pudor, sem dor, sem remorso) ainda preciso ser mais adulta do que elas. Isso é regra.

Mas com minhas meninas aqui, dos Pratos, não. É diferente. Com elas, estou certa de que posso ser criança sempre que se fizer necessário. E, às vezes, preciso tanto... criança alegre, criança na gangorra, criança nos brigadeiros, criança no pé descalço, criança dodói e até criança birrenta. Veja a sorte que tenho. Eu posso!

Claro que incide a regra três. Quando menos - como se sabe - vale mais. E vice-versa. Claro. Aquela que vacila é um exemplo disso. Merece uns cascudos. Especialista na arte de vacilar, tenho tentado mostrar a todas nós (sim, me incluo) que, no-fim-no-fim, errar para mais (errar bonito) ainda é melhor do que errar para menos (errar feio). E errar por "amor demais", como já ensina Laramaria aqui, será sempre melhor do que ver uma amiga se enredar num amor turvo, num emprego tosco ou numa vida triste, sem fazer nada para ajudar. É ou não é ou não é?

Também incide a regra mensal. Quando previamente nos abastecemos de coisas gordas, BEM GORDAS - feitas de trigo e açúcar - a fim de hibernar satisfeitonas durante os dias (aqueles). É caso de sentar à melhor mesa da melhor cafeteria da cidade mais Maravilhosa e de mandar descer uma Donaflá no capricho (lá da Serra). E caso também de destrinchar sem dó essa humanidade "medianazinha", como ela faz tão bem aqui, e de vê-la (a tal da humanidade) resumida aos bons. Às boas, eu diria, até. Porque no fim de um desses encontros de duas, em que três estiveram presentes, não sobra muito. Talvez só elas mesmas. Ou bem uma Aline Natuleza, quiçá.

Et voilà!

Não há dúvida de que as regras são claras (com exceção desta última). Ainda bem. E cheias de #puroamor #deraiz. Sempre. Nhom.

Regra 3 - com Toquinho e Vinícius, pra quem tiver vontade.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Elas são

Três mocinhas elegantes.
Três Marias, sete estrelas.
Três meninas do Brasil.
Uma, duas, três, juntas – porque há dessas coisas que simplesmente acontecem.

A seu modo, cada uma delas está por aí, batendo bolos, criando filhos, cultivando poesia. No blog estão as três, como num cadinho: o sorriso bonito de uma, os olhos doces de outra, um homem, paisagens bucólicas, milhões de bits trocados, lembranças de um sábado de Cinzas. Elas são uma a uma, e também são três. Aliás, são mais que três, que mil, que um milhão.

E, por serem tantas, cá estão, alma e coração na ponta dos dedos, para vosso deleite. Não se faça de rogado.